(leia primeiro o texto anterior, para vc entender este)
Dois Dias e um Mês Depois, caminhava no San Martin em Buenos Aires (foto), lia um Trevisan, lembrava delas. Deitei sobre a grama, dedilhei meus pêlos por baixo do jeans, e estava em paz.
Amava e era amado. Já tinha a sorte divina de não ter mais adolescentes em minha cama e em minha grama vermelha de veias pulsantes, agora meu amor já era adulto e eu havia esperado anos por isso. Ate que avistei uma placa que proibia a entrada de "perros", imaginei... Um proibiria perros, outros negros, outros gatos, alguns maranhenses, aqueles bolivianos, aquela atores globais, você funkeiras, minha mãe umbandistas, a ruiva spilberguianos, meu tio travestis, a irmã do meu amigo o Jorge, o meu aluno proibia o professor, a morena algumas loiras, a Andréia Barros não deixaria a Andréia Lopes, o Hitler os judeus, a loira proibiria as petistas, as petistas as patricinhas, as patricinhas as putas de cinco reais. Se uma daquelas atrizes bem fodidas tivessem um útero bom, e não ressecado por Yasmin, Femiane, Etinilestradiol ou Levonorgestrel estaria eu com um filho conhecendo Saint Martin. O filho que infelizmente ainda não tenho por ser esse vádio-teatrológo USPiniano. Pensei agora de bolsa escrotal murcha e Trevisan arriado: "Quem meu filho proibiria entrar nesse parque?" "Quem meu filho (parte de mim) mandaria matar, se maldoso fosse?" "Quem, quem eu amasse e adorasse, odiaria?" "Quem, que fosse mais eu do que eu mesmo, tiraria do mundo das gramas verdes e macias?" "Quem, teria um defeito tão grave, que expeliria pra fora de meu útero masculino, das trompas do mundo?" "A que e a quem eu contra meu filho teria que incluir na Lista do Spielberg?". Nessa época, decidi que meu filho poderia ter nascido com um rabo, ou com leucemia, ou com cancro, ou ate sem um dedo... e quem o impediria de entrar nesse parque? Me deu medo, me deu tanto medo, que escrevi esse texto. Apenas um detalhe que não quero que voces esqueçam, nesses dias eu amava e acreditava ser amado, quando se está assim, mesmo a reflexão da maldade fica mais poética.
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