segunda-feira, 20 de abril de 2009

Griselda, uma figurinista, uma floresta, um encantamento


Uma dia num cavalo branco, cavalgando com sua espada brilhante e cravejada de rubis assisti a chegada de Griselda, ela entrou em minha vida, me arrebatou da minha esteira de vaidades, lameou minhas pantufas rodriguianas e pintou de branco minhas vestimentas gregas de sabedoria. Estava eu, sentado no chão, lugar exato, assistindo um grupo teatral colombiano, me esforçava a entender seu rapido castelhano, e do cavalo citado antes desceu Griselda. Ela espanhola, morava na Colombia, mas nos conhecemos em solo argentino, mas isso eu so saberia na madrugada de 2006, mas ainda era manhã ensolarada, de dois dias antes do fim de 2005. Ali no chão, sentados lado a lado, descobri seu flerte com um ator do grupo de teatro de calle, pensei cafagestamente, nem Deus recusaria a cama de um casal assim. Foi ai que vi em seu pulso uma fitinha do Bonfim. A fita era de uma amiga brasileira dela, que havia amado durante anos aquele ator de olhos verdes e cabelos azuis, mas isso eu so saberia quando fizesse carinho em seus cabelos azuis, 1 ano depois, ou mais. Quando ela dividiu sua agua comigo, descobri que tinha unhas vermelhas, roidas... pintadas por ela mesma, subi meus olhos e descansei em anéis retorcidos feitos pelo namorado de cabelos azuis, mas que ele os talhou so saberia quando seu cavalo branc partisse e me deixasse olhando firme uma pista de pouso cinematograficamente molhada. Griselda costurou as roupas do grupo que apresentava a historia de um poeta que nao tinha canetas, e escrevia com que a floresta colombiana fornecia. Nunca conheci a floresta colombiana. Griselda costurou a mão as roupas, mas tinha maquina de costura em Calli, onde morava. O menino de cabelos azuis era bom ator, cantava bem, e tinha talento para um batuque. Tres ou quatro dias depois ele com seus cabelos em minha barriga e entre meus dedos, me contaria sobre os olhares de Griselda, que ela acabara de se formar na UCLA, mas numa sede da University of Los Angeles que fica em Toronto, no Canada. Ela havia feito Belas Artes, mas especializara em roupas para teatro. Ela amava branco, tecido branco em cena, mas isso so descobriria quando ela mandasse me chamar no MSN para me mandar o desenho do Pixinguinha, 3 anos depois. Quando eu, e o anjo de cabelos azuis trocamos um terno beijo na buchecha esquerda minha, com labios um pouco molhados de tequila e asperos de sal, fiquei sabendo que jah amava Griselda e que ela cuidava de meninos que sofrera maus tratos pelas guerrilhas das Farc Colombianas. Griselda me aproximava de uma sigla que achava distante e ficcional. O menino dos cabelos azuis penetrava nas noites portenhas uma mulher que desafiava o narcotrafico selvagem para salvar crianças, infantes, guris.
O menino de cabelos azuis beijava pelas esquinas argentinas na minha frente, como uma provocação, uma boca que bradava contra americanos, equatorianos, chavistas e cartelistas, bradava por meninos que perdera mãos, pernas e dignidades por um tenis Nike ou por uma vida melhor.
Minha Griselda, faria nossos figurinos de Do Alto do Seu Encanto, mas me encantaria, me enfrentaria, desceria de seu cavalo de heroina contra heroinas e cocainas, sentaria na sela do chão e me convenceria de que quando grande fosse, ou encantado vivesse, teria cabelos azuis. Para beijar-lhes sua coragem e suas agulhas de tecer roupas de teatro. Dois anos depois saberia que o menino de cabelos azuis, agora os usava castanhos, como os meus.

Texto de Valter Vanir Coelho. Anna Griselda Santaolla tem 32 anos, mora em Calli, Colombia, trabalha para a ONU nas Forças Integradas de Paz captaneada pela Cruz Vermelha, formada pela UCLA-CA em Belas Artes, assina o figurino de Do Alto Do Seu Encanto.
Postado por www.ciasemmascaras.com.br às 00:02 0

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