segunda-feira, 20 de abril de 2009

O Nascimento da Idéia do Texto, por Valter Vanir Coelho


Resolvi contar aqui o nascimento e trajetória do nosso espetáculo Do Alto do Seu Encanto, digamos que o processo e não a estrada. Começo com o nascimento do texto e da idéia. Para quem me conhece um pouco, e isso não me incluo, porque sou um desconhecido para mim, sabe que sou um indignado, um trouxa enganado por todos, que sofre por vocação e que às vezes choro por não conseguir chorar o tanto que queria e que esse mundo mereça... digo que eu há muitos anos atrás estava indignado diante de uma penca de bananas, bananas de saias e de calcinhas de renda, vermelhas ou branquinhas de algodão, com minha vontade de introduzir nelas algo mais alem do que já sabia que era inevitável, me lancei numa missão suicida "observá-las" antes de degustar suas carnes embebecidas de cremes caros e boticários da Natura. Nessas observações deparei-me com o vai-e-vem de seis ou oito peitos durinhos, e idéias bem flácidas.

Uma ruivinha, que ohava seus pêlos púbis originais, me falava de que fazia teatro e gostava dos hippies, mas ela não sabia do Hair, nem do Ademar Guerra e não cantarola Aquatius, no máximo se achava sábia por conhecer o Lirinha e seus cordéis. Antes de beijar suas sardas entre as pernas, repensei a hippie de merda que estava entre as minhas...

Perguntei sobre um judeu que nomenclaturou a contracultura e ela achava linda a palavra. Deixei a no esquecimento de meus testículos. Uma nádega com uma florzinha tatuada no centro, deitada numa cama igualmente juvenil, rebolava e repetia que fazia artes cenicas desde os 10, ou 12, aquela bundinha tão empinada fazia USP, achei inacreditável que alguém que estudasse na USP pudesse ter bunda tão dura e empinada, mas olha aí os sinais dos novos tempos. Entre pêlinhos dourados, meu nariz a ouvia, me dizia sobre um filme antigo, quando me indagou sobre o Spielberg, "Ele é judeu?" "Diretorzinho comercial, não acha?" e ela quase como uma Ewald Filho de saias, dizia maldições a seu respeito, foi ai que tudo se feneceu. A vadia-quase-virgem, trobetiou "Seus filmes visam à bilheteira e a bilheteria", pensei na burrice perdoável das universitárias, e me calei... Essa era morena. Quando a loirinha com a língua em minha orelha me desafiou, eu respondi que achava "A Cor Púrpura uma obra-prima". A USPiniana não havia visto. Repeti que o "Inteligência Artificial me emocionara", bobo que sou... entre lamber e falar, a loira preferiu falar, e disse que achava o Jude Law um gato, e se imaginava em seu penis robotico, nenhum de nos éramos bobos, mas como qualquer magra-sem-esforco ela era blasé. Falei sobre "Louca Escapada" e "Império do Sol", que a loirinha confundiu com o filme "da mulher do ovo", sua ignorância era compreensiva.

Mas quando falei de "A Lista de Schindler", a resposta quase, e olha que quase é verdadeiramente muito, quase me amoleceu o falo. A morena de barriga musculosa, de umbigo fundo adornado por uma jóia versace-falsificado, repetia meu nome e me perguntou "è verdade que Hitler era casaso com uma judia?". A loira nua e educada, sentou na cama branca e resolveu re-esticar o lençol, e tímida me disse que não gostava de falar em Hitler... "Que assunto pesado Valtinho", mas segundos depois "Odeio os evangélicos", propagou! Voltando à ruiva, ela disse que achava que os franceses é q estavam certos, "Xenofobia é patriotismo invejável", vomitei nos lençóis esticados, mesmo sem nenhum fluido. Tentando se igualar em faculdade mental uma delas apertava o seio entre minhas bolas e dizia que se tratando de Coreanos da 25, ou de lanchonetes do centro, ela era quase hitleriana. Dramaturgo que me preservo, abri o frasco da observação e incitei polêmica. A burguesa filha de classe media alta, criada em condomínios achava feios os mendigos do minhocão, achava que aquilo tirava sua liberdade de saias justas e calcas Colcci. Sua mãe, uma patricinha advogada de cara enrugada e esticada, dependendo do ângulo, havia lhe ensinado que pior que os mendigos, deveriam ela ter medo dos bem-vestidos que querem come-la, como eu. E deixá-las como nós. O pai mataria os meninos de rua que limpam os vidros de seu Corolla (carro brega que justifica seus donos quadrados e filhos da puta) mas seu namorado corno não suportava mulheres infiéis.

Uma outra que me beijava a virilha, se classificava como vinda de baixo, e que não suportava os sistemas de cotas, me confessava com um ou dois pentelhos na boca que não cumprimentava uma negrinha metida que havia pego a vaga de sua amiga do sul, porto-alegrense ou curitibana.

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