

Uma grata surpresa. E um pensamento que se a TV investisse na qualidade dos textos que apresenta na programação voltada a adolescentes, as coisas não estavam tão ruins como estão por ai. O texto é muito bom, e bem estruturado dramaturgicamente, tanto que faz o "nada de novo" parecer interessante, prender a atenção e até derrubar lágrimas e debulhar risos, muito riso. Aquela velha formula "sessão da tarde" de apresentar "personagens inusitados que se confrontam através de suas diversidades musicais e anseios", colocando como pano de fundo uma pequena garagem com muito rock'n’roll, os atores cantam, imitam famosos, falam a linguagem dos jovens e cativam tanto a platéia que o final se transforma no final proposto pelo espetáculo, um grande show de rock juvenil.

Marino Jr. um dos nomes mais conhecidos da cena curitibana, colocou no palco uma sintese, quase um resumo da obra de Shakespeare. E mesmo assim ela continua grande, eloquente e voraz. Há nesta montagem uma acertada vontade de resgatar o coro como peça de impacto dramático, e o coro deste Otelo faz tremer as estruturas de um teatro fisicamente tão pequeno, onde assisti (Sala Edson D´avila). A movimentação rigida e marcada, quase coreografada, faz a ambientação perfeita para um exército, como propõe o texto. O dramalhão e o desfeixo são muito bem armados, e consegue emocionar, mas não é a emoção que busca e nem sente essa montagem de Otelo, e sim a força, a virilidade, a rispidez e a truculência. Muitas vezes o público está despreparado para ver uma história de amor onde docilidade e sutilezas não estão incluídas na cena. A maquiagem nos atores e o visual da Desdemona são a duas únicas coisas discutiveis e enfraquecedoras neste forte espetáculo.
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