quinta-feira, 11 de junho de 2009

Cleyde Yáconis, 84 anos, em "O Caminho para Meca", teatro rejuvenesce


Aos finais das apresentações de "Longa Jornada de um Dia Noite Adentro" (2003), Cleyde Yáconis, que completa 85 anos em novembro deste ano, percorria 34 km pela rodovia Anhangüera ao volante de seu Fusca. Ela mora em um sítio em Jordanésia, encarava a mesma jornada todos os longos dias de espetáculo. No início de 2008, a atriz resolveu fazer um merecido "entreato" (afinal, ela soma mais de meio século de carreira). Não passaram dois meses, no entanto, e ela já estava envolvida nos ensaios de "O Caminho para Meca"que neste sábado (dia 5), as 16h, na Virada Cultural em SJC, volta ao palco do Teatro Municipal.
"Há 58 anos quero descansar. Terminando essa peça, digo que vou descansar, mas não vou", afirma. Cleyde se encantou com o texto do sul-africano Athol Fugard, inédito no Brasil, inspirado na vida de outra artista incansável: Helen Elizabeth Martins (1897-1976). Em seus últimos anos de vida, Helen rompeu com diversos paradigmas sociais ao construir um fantástico sítio escultórico em sua casa, com obras feitas de cimento e vidro moído.
Com direção de Yara de Novaes, o espetáculo mostra um embate de idéias entre Helen, um pastor (Cacá Amaral) e a amiga Elza (Lúcia Romano). Escrita em 1984, a peça tem teor político, por conta do apartheid, mas não se limita às questões ideológicas.
No texto, Helen nunca diz "arte", "criação" ou mesmo "escultura" para definir sua obra. Para a personagem, a palavra-chave é "trabalho". Nisso as duas são muito parecidas. "Sou uma operária", diz Cleyde, que tira da arte a energia para seguir seu caminho. "Em vez de ir ao psicanalista, faço teatro", brinca.

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